O palco que vai receber a partida deste sábado da seleção brasileira contra o Paraguai está diferente. Inaugurado nesta quinta-feira pela presidenta da república, Michelle Bachelet, tem sistema de iluminação moderno, cobertura, aparência de recém-saído do forno. Obras que não apagam, porém, a história do estádio municipal de Concepción, local de prisões e torturas políticas na época da ditadura chilena e com fama de mal-assombrado.
A partir do golpe de 1973, estádios de futebol se tornaram arenas de sofrimento. O de Concepción, que receberá a seleção brasileira neste sábado, na época era chamado de Regional e teve uma noite marcante entre tantas de agonia.
Em 19 de janeiro de 74, prisioneiros foram transferidos a outro local. Em 2009, Gabriel Reyes Arriagada, sobrevivente da ditadura, relatou no portal “Tribuna de Bio Bío”: “várias dezenas de habitantes transitórios do campo esportivo, homens e mulheres, foram chamados e fichados pela enésima vez. A diferença é que dessa vez foram fotografados e orientados a tirar suas coisas de suas celas improvisadas. (...) Talvez essa noite seja uma das mais difíceis de ser esquecida. Foi informado que cada um de nós poderia escrever uma carta a seus familiares mais próximos (...) de imediato surgiu a ideia de que nos fuzilariam ou jogariam ao mar”.
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